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Compartilhamento de cargas

20/08/2019

Plataforma desenvolvida em projeto aplicativo da Especialização em Gestão de Negócios possibilita redução de custos operacionais.


Por Revista CNT Transporte Atual
Foto: arquivo SEST SENAT.

​A busca pela eficiência no transporte é uma das premissas de todas as empresas que atuam no setor. Em tempos de recuperação lenta da economia, alternativas que reduzam os custos operacionais e possibilitem ganhos de produtividade são vistas como uma oportunidade.

Foi com esse foco que um grupo de alunos da Especialização em Gestão de Negócios, curso integrante do Programa Avançado de Capacitação do Transporte, promovido pelo SEST SENAT e coordenado pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística), desenvolveu uma plataforma para o compartilhamento de cargas.

O projeto foi apresentado como trabalho de conclusão do curso ministrado pela Fundação Dom Cabral. No programa, oferecido pelo SEST SENAT e pelo ITL a gestores do setor de transporte e logística, a apresentação de um projeto que seja viável para aplicação no setor de transporte é um dos requisitos para a conquista do diploma.

O transporte rodoviário de cargas apresenta vantagens como o serviço porta a porta, sem necessidade de carregamento ou descarga entre origem e destino; frequência e disponibilidade dos serviços; velocidade e conveniência. No entanto, para que ele seja eficiente, é preciso programar o uso dos veículos para minimizar os custos e garantir o nível de serviço almejado. Mas isso nem sempre é possível ou fácil de se realizar. “Muitas vezes, quando uma empresa vai fazer a entrega de uma carga, o caminhão vai cheio e volta vazio. Ou até mesmo a carga contratada não enche o caminhão. Esse é um problema para as empresas, porque aumenta o custo da operação”, explica Fernando d´Avila Vianna Cotrim, administrador de empresas com atuação em companhias aéreas e planejamento estratégico e um dos alunos do curso.

Os custos das empresas são divididos em fixos e variáveis. Os variáveis oferecem menor impacto, pois só existem quando o ativo, no caso o caminhão, estiver efetivamente produzindo. Por outro lado, o custo fixo é aplicado em tempo integral. No caso do transporte rodoviário, um caminhão possui o mesmo custo fixo se estiver rodando vazio, com 50% ou 100% de sua capacidade de carga. “Os custos do motorista, licenciamento, seguro, depreciação, desgaste de pneus, pedágios e até mesmo de combustível são praticamente idênticos. Dessa forma, é crucial que as empresas busquem otimizar ao máximo o carregamento do veículo para que o custo seja diluído de maneira uniforme”, destaca o projeto.

De acordo com Cotrim, para propor a plataforma, o grupo buscou a expertise já utilizada na aviação. “Empresas aéreas, mesmo concorrentes, já vendem passagens em parceria umas com as outras para otimizar a utilização das aeronaves. Nossa proposta é trazer um pouco dessa experiência para o transporte rodoviário de cargas”, conta ele.



A plataforma, batizada de Simul, que significa “juntos”, em latim, promete aumentar a produtividade das empresas, tornar o modal mais competitivo, além de reduzir o impacto ambiental causado pelo consumo de combustível. “A nossa proposta é unir clientes que possam estar levando cargas para os mesmos locais com ociosidade de seus ativos. Além disso, a plataforma possibilita ampliar as entregas em regiões que não são áreas de atuação da empresa de algum cliente”, explica Cotrim.

Para Melquisedeque Martins Fernandes, especialista em renumeração e benefícios da MRS Logística e também aluno do curso, o projeto é inovador na proposta de uma ferramenta que garante usabilidade confiável. “Nesse ramo, existem informações que são confidenciais. O diferencial da nossa plataforma, quando comparada a outras do mercado, é que incluímos um sistema de validação da credibilidade para garantir segurança”, destaca ele.

O serviço funciona com a inscrição das empresas em um sistema online e o pagamento de uma mensalidade com valor fixo. A partir daí, a plataforma faz os cruzamentos de disponibilidade de compartilhamento de cargas. Sobre os benefícios financeiros que o serviço pode trazer para as empresas, os alunos afirmam que são particulares de cada transportadora. “Eles dependem das rotas, do tipo e do volume de carga a ser transportada”, resume Cotrim.

Mesmo assim, eles garantem que o compartilhamento pode gerar até redução de preço no produto final. “A ociosidade de caminhões é um problema grave e muito vivenciado pelas empresas. É um problema tão antigo que, hoje, é embutido no custo operacional das empresas. Isso impacta o custo final dos produtos. Por isso, acreditamos que a implantação dessa plataforma pode trazer grandes vantagens para o setor. O projeto está pronto e aguarda um investidor”, destaca Fernandes.

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O CURSO

A Especialização em Gestão de Negócios tem como objetivo capacitar gestores e executivos de empresas de transporte e logística de todos os modais nas mais modernas técnicas de gestão de negócios. O curso tem carga horária de 370 horas. Duas turmas ainda estão com inscrições abertas para este ano:

• Fortaleza (CE), até 8 de setembro

• São Paulo (SP), até 6 de outubro

Para saber mais, acesse www.itl.org.br



Livia Cerezoli