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Experiências sul-americanas se destacam em workshop sobre frete verde

19/11/2019

Intercâmbio de informações entre países da região foi uma das marcas do segundo dia do encontro internacional


Por Agência USP de Notícias
Divulgação/CNT e SEST SENAT

​No segundo dia do Workshop Internacional sobre Iniciativas de Frete Verde, promovido pela CNT e pelo SEST SENAT, foi lançada a proposta de um maior alinhamento entre os programas de eficiência energética dos países sul-americanos. A ideia começou a ganhar forma após intervenção da diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, moderadora da mesa “Treinamento de motoristas e construção de capacidades na América Latina”. “Temos muita sinergia e muitos achados a compartilhar. Prevejo que essa parceria será muito profícua”, instigou.

“Estudamos ‘nivelar’ (o treinamento dos) motoristas que transitam entre a Argentina e o Uruguai. Podemos pensar o mesmo com relação ao Brasil. Em comum com o Brasil, temos a mesma tecnologia veicular e os mesmos combustíveis. Então, existem muito mais convergências do que diferenças. Temos muito a fazer juntos”, concordou Julio Velázquez, gerente da Fadeeac (Federação Argentina de Entidades Empresariais do Autotransporte de Cargas). Em sua palestra, Velázquez apresentou as ações em eficiência energética da Rango Verde, ambicioso programa argentino que abarca desde projetos em tecnologia veicular a estudos sobre viabilidade econômica, passando por assessoria em compliance. 

O detalhamento da iniciativa argentina ficou a cargo de Alejandro Robson, gerente de Administração da FPT (Fundação Profissional para o Transporte), o braço acadêmico da Fadeeac. “Trabalhamos com a ideia de capacitar todo o setor, todas as empresas de transporte e logística, e não apenas os motoristas”, explicou o técnico. O órgão atende, mensalmente, cerca de 18 mil alunos. “As empresas de transporte associadas nos encaminham seus motoristas e o nosso treinamento é feito por meio de simuladores de direção”, revelou. 

Um fato interessante é que os simuladores funcionam com um software feito em parceria com uma universidade local – e reproduzem com muita fidelidade a geografia do país. Porém, o ponto forte do equipamento é a função de telemetria, que gera relatórios personalizados. “Todos os exercícios ficam armazenados em nuvem. Cada motorista é medido de forma cronológica, e seus erros e acertos são classificados. Esses relatórios extensos, com o perfil de cada motorista, vão muito além do simples resultado de ‘aprovado’ ou ‘reprovado’”, explicou Robson.

Também inspiradora foi a apresentação de Orlando Dávila, analista econômico do Ministério dos Transportes e Comunicações do Peru. Embora os esforços em smart driving do país sejam muito recentes (começaram no ano passado), os resultados já se fazem notar. “Buscamos desenvolver uma cultura de eficiência e já começamos com um objetivo muito ambicioso, que é diminuir 4,5 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono em emissões até 2030”, afirmou. O país também está inovando no uso de simuladores de direção. Lá, o programa-piloto treinou uma geração de motoristas, simulando viagens inteiras. Resultado: quando fizeram a rota real, a redução do consumo de combustível foi na ordem de 7%.

A esses relatos veio se somar a experiência do SEST SENAT, relatada pelo diretor-adjunto da instituição, Vinícius Ladeira. “Temos alcançado muito sucesso ao tropicalizar os conhecimentos da América do Norte”, disse, referindo-se ao Programa Nacional de Eficiência Energética, desenvolvido pelo SEST SENAT com know-how canadense. “Com as adaptações ao nosso contexto, o material didático do Canadá ficou bem mais próximo da realidade dos países latino-americanos. Deixamos as portas abertas para aqueles que se interessarem”, convidou. O programa foi criado após parceria estabelecida entre o SEST SENAT, o NRCan e o ICCT.

Segundo o diretor-adjunto, uma pesquisa recente, realizada entre os alunos egressos dos treinamentos em ecocondução, revelou que eles têm obtido uma economia média de 24% no consumo de combustível. “É um resultado surpreendente. Na mesma pesquisa, verificou-se que 94% dos egressos se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com a formação recebida. Isso nos dá segurança de que estamos no caminho certo”, concluiu.


Por Gustavo T. Falleiros