23 de outubro é Dia do Aviador. A data remete ao feito do brasileiro Alberto Santos Dumont que, em 1906, tornou-se uma das primeiras pessoas a voar, protagonizando uma das grandes invenções do homem: o avião. Nascido em Minas Gerais, o aeronauta participou da construção de dirigíveis aéreos com motor à gasolina, dando-lhe o mérito do famoso voo ao redor da Torre Eiffel no século XX.
Afinal, o que se pode esperar do modal aéreo nos próximos anos?
Inovações - ao longo da história, não só o motor das aeronaves, mas as fontes energéticas nelas usadas também evoluíram. A busca por alternativas sustentáveis de combustíveis para aviões nos últimos anos tem os objetivos de diminuir a dependência do querosene de aviação (chamado de QAV, derivado do petróleo e é o principal insumo atualmente usado nas aeronaves de grande porte), aumentar a eficiência e reduzir a poluição atmosférica desse meio de transporte.
É importante salientar que há, também, a justificativa financeira para a adoção de biocombustíveis na aviação brasileira, visto que o QAV está entre os principais custos do setor1. Ainda nesse contexto financeiro, o Brasil está viabilizando a importação do JET-A2, um combustível considerado melhor, mais barato e largamente disponível, porém não traz os benefícios ambientais necessários, por ter origem fóssil, como o querosene.
Dentre as novas alternativas de biocombustíveis para o modal aéreo está o bioquerosene (ou BioQAV - obtido de biomassa renovável, como óleos vegetais – soja, macaúba, milho etc. – inclusive de frituras), cujo o uso pode ser combinado com o querosene de origem fóssil. Presente no cenário e com produção em escala prevista, há também o e-querosene, que é parecido com o querosene comum, mas é obtido de processos químicos à eletricidade. Recentemente, uma empresa de aviação3 noticiou a abertura de uma fábrica do e-querosene. Segundo essa empresa, uma das vantagens desse combustível é a sua neutralidade em carbono, mas adverte que isso depende de da matriz do insumo.
Nessa mesma linha, a Alemanha promete abrir a primeira fábrica de combustível limpo para aviões do mundo, cuja a produção do chamado querosene sintético iniciará em 20224. A Holanda também tem sido referência no uso de combustíveis sustentáveis para o segmento, e no início de 2021 testou com sucesso um combustível similar ao querosene sintético num voo comercial5.
Haveria, ainda, dezenas de tecnologias sustentáveis em desenvolvimento a se mencionar para o modal aéreo, mas a eletrificação de aeronaves tem se destacado.
Recentemente, a Companhia Aérea Azul e a Embraer (conglomerado brasileiro que fabrica aviões e peças e que presta serviços no ramo) divulgaram a intenção de desenvolver aeronaves elétricas conhecidas como táxis aéreos, carros voadores ou eVTOLs (sigla inglesa de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical). Essas iniciativas visam favorecer a mobilidade urbana com voos entre cidades, como ressalta a Azul, com o protótipo chamado Lilium.
Descarbonização do modal – além de frotas de veículos rodoviários, locomotivas e de navios, também a frota sustentável de aviões é uma das estratégias para reduzir a poluição atmosférica e evitar o aquecimento global, já que a aviação responde por cerca quase 2% da emissão de CO2 em nosso planeta (se considerada a participação dentro do setor de transporte, o áereo responde por cerca de 12% da emissão do dióxido de carbono)6.
Devemos relembrar que o dióxido de carbono é um gás tóxico resultante da queima de combustíveis e de processos industriais. Além de graves danos à saúde e ao meio ambiente, o CO2 é um gás de efeito estufa - GEE.
Para viabilizar as tecnologias para o setor aéreo, é importante destacar o apoio imprescindível de políticas públicas, programas e de outras ações de todos países, destacadamente daqueles que respondem pela maior parte das emissões de poluentes no mundo. O Acordo de Paris7 é um exemplo de mobilização mundial para reduzir a emissão de poluentes que causam o aquecimento global, mas conta com o auxílio de outras iniciativas de âmbito internacional - com objetivos semelhantes ou complementares de sustentabilidade -, como é o caso da Organização da Aviação Civil Internacional – OACI (conhecida também pela sigla inglesa ICAO)8.
No contexto da OACI existe uma importante ação dos 193 países signatários, dentre eles o Brasil9 , intitulada CORSIA (sigla inglesa de Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), que é um programa destinado à redução e à compensação de emissões de CO2 provenientes dos voos internacionais.
No Brasil, o ProBioQAV é uma pauta do Ministério de Minas e Energia e está sob o contexto de combustíveis do futuro para a aviação. Nessa agenda, existe o intuito de promover a descarbonização do modal por meio de incentivos às alternativas sustentáveis de energia.
O protagonismo socioambiental da CNT em favor do desenvolvimento sustentável do transporte
A Confederação Nacional do Transporte - CNT acompanha as questões que envolvem a participação do modal aeroviário no desenvolvimento sustentável do setor, por meio do Programa Ambiental do Transporte (Despoluir), uma iniciativa conjunta da Confederação com o SEST SENAT e entidades parceiras.
Neste quesito, o Despoluir estimula o aumento da eficiência energética das mais de 22 mil aeronaves da frota brasileira10 e incentiva o modal a diminuir pela metade as emissões líquidas de gás carbônico até 2050 (em comparação com a emissão de 2005).
Além do aviador e das empresas aeroviárias, soma-se ao esforço da preservação e da sustentabilidade do modal um time essencial do setor: os trabalhadores que atuam nas atividades realizadas em solo, como manutenção de aeronaves, controle de tráfego aéreo, análise do tempo (temperatura, chuvas, ventos etc.), despacho de bagagens e atendimento ao público nos aeroportos.
O incentivo à adoção de boas práticas de gestão ambiental, à inovação e ao uso de tecnologias e combustíveis mais eficientes e limpos no transporte aéreo refletem o comprometimento do Sistema CNT com um mundo melhor e mais sustentável.
DESPOLUIR – Programa da CNT (Confederação Nacional do Transporte), em parceria com o SEST SENAT, que desde 2007 desenvolve atividades práticas que visam a solucionar os impactos ambientais advindos do transporte. Ao longo da sua trajetória, foram mais de 3,4 milhões de avaliações veiculares ambientais realizadas, atendendo mais de 55 mil transportadores, engajando-os em ações de responsabilidade ambiental e contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, especialmente nos grandes centros urbanos.
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Notas