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BNDES libera financiamento de projetos de SAF e diesel verde pelo Fundo Clima

23/12/2022

Iniciativa vai permitir investimentos com taxas de juros de 1% ao ano; fomento aos biocombustíveis foi articulada pelo programa Combustível do Futuro


Estimativa da Associação Internacional de Transportes Aéreos aponta para um salto na demanda global por SAF de 100 milhões de litros por ano em 2021, para 5 bilhões de litros em 2025
Fotos: divulgação/EPBR.

BRASÍLIA – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou o financiamento de projetos de combustível de aviação sustentável (SAF) e de diesel verde por meio do Fundo Clima. A iniciativa é uma realização do programa Combustível do Futuro do Ministério de Minas e Energia (MME). 

O Brasil ainda não tem oferta desses combustíveis fabricados em um conceito de biorrefinarias — no mesmo processo são produzidos SAF, diesel verde e outros bioprodutos — e busca um marco legal para atrair investimentos.

Como os investimentos em biorrefinarias são destinados ao SAF e ao diesel verde em conjunto, o programa vai permitir regras iguais aos dois biocombustíveis. Outro benefício aos investidores serão as taxas de juros menores, de 1% ao ano.

A ação está em linha com uma das premissas aprovadas pelo subcomitê ProBioQAV, do Combustível do Futuro, que prevê “articulação intergovernamental para estruturar linhas de financiamento de pesquisa e de projetos de produção, comercialização e uso de SAF, com o objetivo de auxiliar na estruturação do mercado”, publicou o coordenador-Geral de Biodiesel e Outros Biocombustíveis do MME, Renato Dutra, nas redes sociais. 

O subsídio faz parte do subprograma de energias renováveis do Fundo Clima, que presta apoio financeiro às ações de redução de gases do efeito estufa (GEE) e adaptação às mudanças climáticas.

O fundo é um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Segundo o BNDES, podem ser financiados:

  • Desenvolvimento tecnológico da energia solar, eólica, hidráulica, de biomassa, de óleos vegetais hidrotratados, de resíduos sólidos urbanos e dos oceanos ou para a produção e utilização de hidrogênio verde, e da cadeia produtiva para a difusão do uso de energia solar e dos oceanos, incluindo o armazenamento de energia;
  • Projetos de geração de energia elétrica ou conversão energética a partir do uso de biomassa, incluindo a produção e utilização de biogás ou óleos vegetais hidrotratados para fins energéticos, e de resíduos sólidos urbanos;
  • Apoio a projetos de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis em geração distribuída ou autoprodução de energia, até 5MW;
  • Projetos que envolvam energia solar térmica ou produção ou utilização de hidrogênio verde, incluindo iniciativas relacionadas à célula a combustível;
  • Projetos de sistemas de armazenamento de energia elétrica de origem renovável de fontes intermitentes em baterias;
  • Projetos de desenvolvimento tecnológico e/ou de investimentos na ampliação da capacidade produtiva relacionados ao bioquerosene de aviação, diesel verde, biometano, etanol de segunda geração, combustíveis marítimos sustentáveis, combustíveis sintéticos derivados de resíduos sólidos e eletro combustíveis;
  • Projetos de investimentos na captura e armazenamento de carbono associada à produção de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono.

SAF no Combustível do Futuro

Em abril, o MME apresentou a primeira minuta de política pública para inserção do SAF na cadeia produtiva brasileira.

O texto estabelecia que os operadores aéreos deveriam reduzir as emissões de CO2 em 1%, no mínimo, a partir de 2027, em voos domésticos e utilizando a mistura de SAF e querosene fóssil.

A proposta foi apresentada no subcomitê do Combustível do Futuro, mas, segundo a assessoria do MME, ainda não foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

O tema também foi excluído do pacote de propostas entregues pelo MME à transição de governo, onde constam a tentativa de MP do Renovabio e outras medidas.

​Próximos passos para a aviação

A aviação responde por 3% das emissões globais de CO2 oriundas dos transportes, por isso, esforços são exigidos do setor para avançar com as políticas para os SAFs.

Já existem projetos de viabilidade tecnológica e econômica para o uso de propulsão a hidrogênio como substituto do combustível fóssil. A fabricante Airbus, por exemplo, anunciou recentemente o desenvolvimento de motor de célula a combustível movido a hidrogênio. 

Um dos entraves para a introdução dos SAFs são suas especificações técnicas mais rigorosas, assim como suas particularidades de utilização. Além disso, precisam ser compatíveis com a estrutura existente para o querosene de aviação, combustível convencional de uso aéreo. 

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Fonte: epbr.com.br (por Millena Brasil, jornalista dedicada à cobertura de transição e política energética. Estagiária sob supervisão de nayara.machado@epbr.com.br).